Ablativo
Olhos que me olham;
negros e sorrateiros.
Ainda preso sou
na onda que me
quebra em lágrimas de sal.
Como a manhã
que nasce já sem chuva
com o sol tímido e saudoso;
como tua presença
em meus braços.
E pinturas se fazem
no rio que escorre
derretidos corpos por
toda a grama das malditas
flores esquálidas
que me arranham em seus jardins.
O que corre de mim,
sai de mim,
vai embora
e é o que temo por sempre
ter fingido não sentir.
Mentira de minha verdade
tão dita por mim mesmo.
Que não se explica,
e que não há qualquer explicação.
O adeus surge
a deus e a ti,
Satã tão belo em meu
ser e em minh’alma.
Ó, que grito apavorante ouço!
Vem de campos aromáticos tão vermelhos.
Vem do meu pobre e jovem coração de brinquedo.