Ablativo

Olhos que me olham;

negros e sorrateiros.

Ainda preso sou

na onda que me

quebra em lágrimas de sal.

Como a manhã

que nasce já sem chuva

com o sol tímido e saudoso;

como tua presença

em meus braços.

E pinturas se fazem

no rio que escorre

derretidos corpos por

toda a grama das malditas

flores esquálidas

que me arranham em seus jardins.

O que corre de mim,

sai de mim,

vai embora

e é o que temo por sempre

ter fingido não sentir.

Mentira de minha verdade

tão dita por mim mesmo.

Que não se explica,

e que não há qualquer explicação.

O adeus surge

a deus e a ti,

Satã tão belo em meu

ser e em minh’alma.

Ó, que grito apavorante ouço!

Vem de campos aromáticos tão vermelhos.

Vem do meu pobre e jovem coração de brinquedo.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 18/12/2008
Código do texto: T1341717
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