Como me tornei Sem Terra

“COMO ME TORNEI SEM TERRA”

Poesia escrita logo depois da batalha do carajas contra os sem terra.

Quando o sol queima o chão do meu nordeste.

A seca, igual uma peste, tira da terra, o encanto

O agricultor chora ao vê o seu roçado acabado

Seu sítio sendo tomado, o novo dono é o banco.

Junta a família, vai em busca dos “sem terra”.

P’ra ver se vão ganhar terra. pelas estradas, eles vão.

Sua nova morada, agora é uma tenda armada.

Uma cerca derrubada, Marca a sua direção.

Aviso e dado, a uma invasão é iniciada.

Mais uma fazenda é tomada, para os sem terra, é seu chão

Foice na mão, o mato corta sem descanso

Com arado e burro manso, eles começam a plantação.

Chega a polícia, com a ordem do juiz.

Desmancha tudo, bate, prende, fere, mata,

Todos p’ra fora, são sem terra, Pôr que quis.

Mais uma vêz, a reforma agraria, é ilusão.

Entre os sem terra, já não sobra, quase nada.

Apenas mortos e feridos, espalhados pelo chão.