História da Sêca

HISTÓRIA DA SÊCA

Poesia escrita em 1990

No Brasil colônia, eu já existia

Lutar contra mim, era pura ousadia.

Até aos camelos do extremo oriente, venci.

Firme e forte, aqui permaneci.

Durante o Brasil império, a minha luta foi cruel.

Aos açudes de Dom Pedro II,

Eu os domei, como a um corcel.

O Imperador, jurou comigo acabar.

As jóias de sua coroa, ele jurou leiloar

P’ra com este dinheiro um novo rio, criar.

Com a transposição do “Velho Chico”

O nordeste do Brasil, em celeiro, transformar.

Quanta besteira, quanta ilusão.

Com o advento da república

Veio a minha afirmação.

Virei voto certo, em tempo de eleição.

A fome que eu trago, o flagelo, a doença,

A mortalidade, a miséria, a descrença,

Em promessas de campanha,

A república transformou.

Com sonhos de uma vida melhor,

Enganou o ELEITOR.

Chegou a “Era FHC” e me glorificou.

As promessas de ajuda, as cestas básicas,

O crédito que a emergência gerou.

Pôr votos ele trocou, sua reeleição consagrou.

A transposição, do Império ele reeditou.

Alimentos baratos!... Que enganação.

Comprar os votos nordestinos

Agora é a sua grande decisão.

Para que com estes votos

Ganhe mais uma eleição.

E o sertanejo, cansado, com fome

Sem cidadania e sem nome,

Sofrendo de humilhação.

“Troca hoje o seu voto, pôr um pedaço de pão”.