A íris
Ali ergue-se ela
Íris, tão bela,
Encolhida entre espinheiros,
Sempre tentando florescer
Sem nos espinhos se rasgar.
Pobre Íris, tão tímida e quieta...
Queria ser alta palmeira, para com o vento brincar,
Ou carvalho poderoso, para os espinheiros desdenhar...
Espinheiros cruéis,
Por outros plantados...
Roubam-lhe a luz,
Tentam a todo custo impedir seu crescimento...
A colorida corola da Íris
E como um véu de tormento...
Que ela disfarça,
Esquivando-se dos espinhos e negando-se a chorar.
Mesmo acuada,
Ela resiste, tenta escapar...
O espinheiro é cerrado,
Densa prisão...
Mas os espinhos ferem-lhe a carne,
Não o coração...
E mesmo encolhida para se esquivar dos agudos acúleos
Ela continua a sonhar...
E a Íris sonha,
Na calada da noite,
Enquanto o espinheiro ronca e ela se permite chorar,
Enquanto remenda suas pétalas,
Maculadas pelos espinhos desde o tenro botão...
E feito isso,
Enxuga as lágrimas e ignora escuridão...
O espinheiro prende-lhe o corpo,
Mas a sua essência, sua alma,
Ele não pode roubar.
E com esse pensamento, ela se ergue no ar
Para receber o primeiro raio de sol
Que a manhã vem trazer...
Antes se ferir e ter coragem de florescer
Que se intimidar pela maldade e inveja
E ver sua vida toda simplesmente passar.