A íris

Ali ergue-se ela

Íris, tão bela,

Encolhida entre espinheiros,

Sempre tentando florescer

Sem nos espinhos se rasgar.

Pobre Íris, tão tímida e quieta...

Queria ser alta palmeira, para com o vento brincar,

Ou carvalho poderoso, para os espinheiros desdenhar...

Espinheiros cruéis,

Por outros plantados...

Roubam-lhe a luz,

Tentam a todo custo impedir seu crescimento...

A colorida corola da Íris

E como um véu de tormento...

Que ela disfarça,

Esquivando-se dos espinhos e negando-se a chorar.

Mesmo acuada,

Ela resiste, tenta escapar...

O espinheiro é cerrado,

Densa prisão...

Mas os espinhos ferem-lhe a carne,

Não o coração...

E mesmo encolhida para se esquivar dos agudos acúleos

Ela continua a sonhar...

E a Íris sonha,

Na calada da noite,

Enquanto o espinheiro ronca e ela se permite chorar,

Enquanto remenda suas pétalas,

Maculadas pelos espinhos desde o tenro botão...

E feito isso,

Enxuga as lágrimas e ignora escuridão...

O espinheiro prende-lhe o corpo,

Mas a sua essência, sua alma,

Ele não pode roubar.

E com esse pensamento, ela se ergue no ar

Para receber o primeiro raio de sol

Que a manhã vem trazer...

Antes se ferir e ter coragem de florescer

Que se intimidar pela maldade e inveja

E ver sua vida toda simplesmente passar.

Zannah
Enviado por Zannah em 18/12/2008
Código do texto: T1341285
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