O ADEUS DO LAVORISTA

Emudeceu numa fria manhã qualquer,

deixando lembranças do que ele foi.

As folhas sentiram. O vento soprou triste.

A melancolia veio no mugido de um boi.

Ficaram as terras, imensidão esverdeada,

Passagens dos patos e andorinhas veraneios.

Morada do gavião pinhé, corujas e colibris,

Berço da cascata indo a um rio sempre cheio.

Encolhe só a viúva. Saudosa do consorte amigo,

Se foi sem adeus. Foi um chamado de Deus.

Morar em outro paraíso. Desta vez o céu.

em casa habitariam os descendentes teus.

Rumina silencioso o burro pedrez atrevido.

Montaria difícil. Amaciada com ensino.

Parecendo triste a reclamar a sela.

E que outro não se atreva a tentar tal tino.

Emudeceu ainda o berrante pelos campos,

Voltou por isso para invernada o boi fumaça.

O jipe não ronca passando para o comércio.

Pelo mata-burros o lavorista não passa.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 17/12/2008
Reeditado em 19/07/2009
Código do texto: T1339766
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