O ADEUS DO LAVORISTA
Emudeceu numa fria manhã qualquer,
deixando lembranças do que ele foi.
As folhas sentiram. O vento soprou triste.
A melancolia veio no mugido de um boi.
Ficaram as terras, imensidão esverdeada,
Passagens dos patos e andorinhas veraneios.
Morada do gavião pinhé, corujas e colibris,
Berço da cascata indo a um rio sempre cheio.
Encolhe só a viúva. Saudosa do consorte amigo,
Se foi sem adeus. Foi um chamado de Deus.
Morar em outro paraíso. Desta vez o céu.
em casa habitariam os descendentes teus.
Rumina silencioso o burro pedrez atrevido.
Montaria difícil. Amaciada com ensino.
Parecendo triste a reclamar a sela.
E que outro não se atreva a tentar tal tino.
Emudeceu ainda o berrante pelos campos,
Voltou por isso para invernada o boi fumaça.
O jipe não ronca passando para o comércio.
Pelo mata-burros o lavorista não passa.