A MAGIA DAS LETRAS
LETRAS, LETRAS, LETRAS.
Como as flores das laranjeiras
As letras têm o leve perfume das virgens
Como o sangue de nossos avós que partiram,
As letras têm o escarlate do por do sol
Como os relâmpagos que iluminam o caminho para a tempestade
As letras têm a claridade que podem nos cegar,
Ou nos guiar pelas entranhas do monstro adormecido
Nas lembranças refazemos um passado ao bem querer
Nas letras descobrimos que o fizemos por querer bem.
Com um choro saudamos a vida
Com as letras lapidamos a morte
Nas mãos ensangüentadas dos médicos
Com as letras lavamos a vida ou a morte
Nos beijos dos pés à boca
As letras nos levam ao êxtase, sem tirar os lábios da pele.
Podemos criar um mundo de fantasias
As letras nos permitem, pois elas vivem de encantamentos e magias.
Podemos partir, mas as letras nos trarão de volta.
E ficaremos até as letras nos levarem embora.
Preparamo-nos para a vida e, o tempo que passava lá longe, aproxima-se, senta-se em nossa cadeira.
Recolhemo-nos às Letras para diminuir seu ímpeto e descobrimos que só existe o presente e é nele Que fizemos o passado e criamos o futuro.
Com as letras, descrevemos o mundo com pincéis da aquarela,
Com as canetas esferográficas, com os lápis pretos, com os riscos,
Num chão de areia branca ou nas paredes toscas de um casebre
Com um pedaço de carvão ou telha quebrada. Que importa?
Ali colocamos um pedaço de nós, nossa voz, nosso grito, nosso gemido, nossa contagem do tempo, nossa felicidade, nossa agonia, nossa esperança de que alguém entenda que aqui estamos, amamos, sofremos, enfim realizamos o maior dos nossos sonhos, mostrar a nossa existência ao Mundo.