PRÉ-VÉRBIOS
Lílian Maial
 

 
Quanto mais eu rezo,
Menos entendo de assombração.
O silêncio e a noite me ensinam vazios.
Um soluço poético se derra(i)ma no papel.
Amasso a palavra e jogo no limbo.
Nunca aprendi a rezar o terço,
E torço pra não precisar das contas,
Que meu rosário já se desfiou em lágrimas.
Lágrimas são filhas da tristeza,
Paridas a termo e a ermo.
 
Quanto mais esperneio,
Menos caminho,
Não saio do lugar (ao sol),
Ao seu, ao céu,
Ao léu.
 
Quanto mais escrevo,
Mais me perco de mim
E me acho numa sílaba que ainda não inventei.
Eu minto que sou eu,
Mas nem me sei única.
 
Quanto mais não rezo,
Menos é mais que nada,
E já me embaralhei no pai, no filho,
Aguardo o espírito, o santo.
Ah! Amém!


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