É triste quando chove no Natal...
Fosse eu senhor da natureza, decretava:
Fica proibido chover no Natal.
Tanta chuva, o mundo todo encharcado...
Um vento que geme, soprando saudades...
Nuvens cinzentas, céu acabrunhado...
Já não basta a chuva do pranto que escondemos
Por detrás dos abraços, da alegria de ocasião?
Por que o vento espalha a tristeza
Que insiste em vibrar as cordas do coração?
É mesmo um contra senso chover no Natal...
Porque a alma já chove, em intimidade de pérola...
O brilho perdido dos beijos esvaecidos,
As lágrimas invisíveis de tantas histórias.
É especialmente triste quando chove no Natal,
Porque somos roubados do conforto do sol...
Manhã, tarde, noite, todas se irmanam
Em um pétreo cinzento sem arrebol.
Ah! Fosse eu senhor da Natureza,
Decretava:
Fica proibido chover no Natal.
E dita a lei, partiria
Para o cimo de uma montanha inconquistada
E choveria, em lágrimas só minhas,
As mágoas que em mim tenho guardadas.