Realidade Diegética
De minha dor,
meu amor.
Que tu fazes,
quando em mim
não crê.
Desta dor me envergonho,
quando ao mendigo assisto;
em seu devorar tão divino
e pouco honrado na lata de lixo.
Desta dor me orgulho,
retomando meus passos -
aqueles velhos passos -,
enquanto a lágrima me cai.
Sou o olho que te
apega.
Sou o riso que te
sufoca.
Te tenho em medo
e em tuas mãos
me deito,
para morrer mais uma noite.
Não diga não,
eu te imploro!
Pareço pouco, só
e mortífero,
mas ignores a máscara
que esconde a cândida alma.
Não sei onde me encontro,
nem sei se te encontro.
Não te perco,
sei que és minha.
Pois só eu vi
o que realmente és
atrás da fortaleza de açúcar.
Derrubo-te, meu bem,
com o soco na verdade.
Catequizo-te com o rebuscar bruto
e vadio das palavras que profiro
e dos sons que produzo
quando te amo por inteiro.
Derruba-me, menina,
quando esqueces que te amo.
Quando tua sina ferina
afasta-te de minha doce e sincera
sensação de sentir-te em mim,
enquanto estou em você.
Fique, escute,
eu lhe rogo e louvo!
De que foges,
ou de que te escondes?
Se amor não te sentiram,
ou sentistes,
tanto faz hoje
ou no passado.
Seja no meu ou no teu,
neste instante, nada além
de futuro e sonho existe,
dentro da realidade que criamos
na diegese de nossas vidas.