Anapoética
De coisas que se desfazem
nos ventos e na tempestuosa
lágrima que cai de um coração
tão vadio e fatídico,
saio e brilho como um raio;
como sou.
Sou este que não engana,
mas se engana na tentativa
e no ardor de querer
ser e parecer o que nunca
pude por ser fraco, rasteiro
e sequencial;
no ritmo dos pulmões.
Sempre no fluxo,
vou no compasso, na prosa -
assassinando versos e
berçando o pesadelo de
não tocar o espaço de novo.
Em síntese, novamente.
O cosmos das palavras
busco e arranho,
como o bebê presidiário
da redoma de vidro;
sufocado pelo gás e holocausto.
Mentirosa,
tu és sempre!
Anacoluto (a),
Anacoluta,
luta,
Ana,
quem és,
tão insana?
Que meu cerebelo devora?
Mentirosa, falsa, dissimulada!
És tu,
poesia mortaviva,
maldita poesia!
Que te quero.
Que te escrevo.
Que te canto
e que te acordo
em acordes
de vaziez da sintatiquisse
semântica das palavras
que invento e não sei
o que querem dizer.
*À minha avó ainda viva.