Taças quebradas

a vida vai ocupando seu espaço

abrindo horizontes, ligando pontes

lapidando arestas,reciclando fracassos

dobrando esquinas que não fizeram laços

nem sempre abrindo portas ao sol

a manhã nasce de muitas janelas

com sede de estradas sem cancelas

tardes de silêncio,ventos na paisagem

gravando na alma cada compasso

mesmo com a face já tão cansada

toda chuva tem nome

clama por águas mais profundas

mesmo quando a poesia, a flor

a palavra não mais fecunda

os sonhos vagam na margem

nas ondas da saudade ....

carregando o peso do outono

nos ossos, nos ombros

no dorso ,os dias sem ramos

os dormentes cacos, taças quebradas

suspensas, engasgadas

sobre as asas da noite flutuam

nestas horas tão imensas ...

16/12/2008

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 16/12/2008
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