LEMBRANÇAS QUE NÃO MORREM
Sabes,
A sensação que me dá
É de que eu nunca estarei sem ti.
Nunca deixarei de lembrar-te.
Mesmo feliz, mesmo triste, mesmo só,
Ou ainda a dois, a três,
Aos montes...
Tuas digitais me marcaram a carne
Quando me tocastes a fronte,
Acariciastes-me os cabelos,
Quando me tomastes de assalto;
E me domaram.
Minhas lembranças de nós
Recorrem-me em cascatas,
Fluentes, caudalosas,
Vivíssimas,
Ingratas!
Aprisionado insisto permanecer,
Sem voz de prisão,
Inconscientemente,
Independente de mim,
Por automação,
Ao teu alçapão,
No teu calabouço,
Em cárcere distante, ausente, displicente:
Sob o arcabouço do que não há mais.