O Andarilho

Eu não sei para onde ir.

Eu não sei o que sinto.

O pulsar nas minhas veias

e o crucifixo do filho de Deus Jesus,

no meu peito, a roçar meus

pelos que florescem de minha

pele como tufos de grama

crescem sobre covas.

Não tenho com quem

discutir para onde estou indo.

Encho a bolsa com meus

poucos pertences.

Fumo um cigarro e

sinto o cheiro de bosta do banheiro

e isso revolta as minhas células.

Saio como um herói

pela estrada sem saber

se a morte, uma mulher ou

talvez a sorte da minha vida,

estão na próxima esquina

a me esperar.

Ando como o pulsar do

meu coração manda.

Seja nas cidades abarrotada

de vazio, ou nos campos

repletos de pensamentos

solitários.

Mas eu sei que os homens livres

são aqueles que fazem o que

para eles tem de ser feito.

Então eu mais uma vez

caminho desconfiado,

trazendo desconfiança.

Bebendo sangrias em

praças e rodoviárias.

Sem casa para onde ir.

Sabendo que o teto azul

daquela marquise, vai ser

para mim uma tela de cinema,

por onde todas as pessoas

que amo ou amei, lugares

e músicas que ouvi, farão para

mim um filme que fará deste

dia difícil e de adoecer

se parecer perfeito.

Segurando a cruz como

um filho segura o dedo

do pai quando pequenino,

durmo um sono solto.

Felipe Duque
Enviado por Felipe Duque em 15/12/2008
Código do texto: T1337003
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.