Coração²

Se expande e explode

em surros e gemidos

de um prazer tão

sacro e sádico.

Ó, que vem de doce

e real palavra ;

viva e inconstante

nas carnes de tua boca.

Surge, rasgando o véu

de um silêncio maligno

e de uma frieza cortante,

a candura e a verdade

do sentir mais que tesão:

Eu te amo e quero

estar em ti e contigo.

Então, não cante,

meu amor, não cante.

Não há por que explicar

ou entender

o que em meu

ser queima e faz sair

tão livres as ditas

e malditas coisas

que te aquecem

e te anseiam no coração.

Ó, querida, sou como és.

Livre, um pássaro de

asas feridas

em meio a abutres depenados

que teimam em

dilacerar meus sonhos.

Quero contigo voar

sem destino ou primavera.

Sem ninho e sem caminho

e para sempre livres

seremos em nosso céu

de amor tão puro.

Que o diabo abençoe nosso

amor e o prazer de estarmos

vivos e vagando à noite

por vielas e becos soturnos

e distantes da segurança

que prometo a todos

e nunca cumpro.

Sou isso e mais

aquilo outro.

Sou um poeta.

Sou o eu - lírico.

Não (!), não há eu além de mim.

Tudo sou eu;

apenas máscaras.

Escondem minha dor

e pintam a falsa alegria

de não ter medo de

sempre estar errado.

Se expande e explode

meu coração inchado

de teu amor

e doente por sempre

ter que dormir

sem sonhar a morte.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 15/12/2008
Reeditado em 15/12/2008
Código do texto: T1336385
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