Coração²
Se expande e explode
em surros e gemidos
de um prazer tão
sacro e sádico.
Ó, que vem de doce
e real palavra ;
viva e inconstante
nas carnes de tua boca.
Surge, rasgando o véu
de um silêncio maligno
e de uma frieza cortante,
a candura e a verdade
do sentir mais que tesão:
Eu te amo e quero
estar em ti e contigo.
Então, não cante,
meu amor, não cante.
Não há por que explicar
ou entender
o que em meu
ser queima e faz sair
tão livres as ditas
e malditas coisas
que te aquecem
e te anseiam no coração.
Ó, querida, sou como és.
Livre, um pássaro de
asas feridas
em meio a abutres depenados
que teimam em
dilacerar meus sonhos.
Quero contigo voar
sem destino ou primavera.
Sem ninho e sem caminho
e para sempre livres
seremos em nosso céu
de amor tão puro.
Que o diabo abençoe nosso
amor e o prazer de estarmos
vivos e vagando à noite
por vielas e becos soturnos
e distantes da segurança
que prometo a todos
e nunca cumpro.
Sou isso e mais
aquilo outro.
Sou um poeta.
Sou o eu - lírico.
Não (!), não há eu além de mim.
Tudo sou eu;
apenas máscaras.
Escondem minha dor
e pintam a falsa alegria
de não ter medo de
sempre estar errado.
Se expande e explode
meu coração inchado
de teu amor
e doente por sempre
ter que dormir
sem sonhar a morte.