Gênio Incompreendido
Conheci um certo homem
Que sabia de tudo sobre o mundo.
Por isso não sentia sede nem fome
Mas havia em si um vazio profundo.
Tinha resposta para toda pergunta
Mas volta e meia se pegava pensando.
Porque ninguém o consultava nunca?
Será que era aquém do que estava esperando?
- “Não pode ser. Não acredito!
Não vêem que isso é controverso?
Não sou qualquer um. Sou um mito!
Somente eu posso salvar o universo”
A soberba tomou conta de si
E sem novidades se percebeu insano.
Já não havia mais para onde ir.
Nem objetivos, idéias, tampouco um plano.
Lá se foi uma mente brilhante
Que poderia fazer muito mais pelo mundo.
Só mais um mártir, sem glória, errante.
Que chegou ao poço e conheceu seu fundo.
A vida não era mais tão simples
Toda a certeza não mais existia.
Não seria mais o sábio homem sublime
Que nessa terra, por último, pisaria.
Em vida, não conseguiu o que queria.
E se voltou, por completo, ao estudo.
Esse homem já não existia
Agora era cego, surdo e mudo.
Isso, tanto tempo faz,
Mas nunca irei me esquecer.
Do homem que sabia demais
E, subitamente, decidiu não viver.