Corpo-poema
Jamais darei meu corpo à morte,
inda que ela leve-o desacordado
e a terra o degrade por maldade
e desse frenesi não nasça história.
Pus meu corpo em meus poemas
para que jamais fosse findado
entre os germes da terra e o silêncio da lápide.
Quando minh’alma perceber que está desencarnada,
há de cuidar-se para não ser maltratada
ao saber que do amado corpo separou-se.
É triste e verdadeiro o que a morte faz
e o que leva da alma nunca traz
e se envaidece por ser tão desgraçada.
Senhor, transforma meu corpo em um poema
e que nele apenas minha alma reescreva
o que a poesia achar dentro da beleza
e o meu amor sorrindo ajuntar em versos.