Relampago
Relâmpago
Fatima Dannemann
Passou
Como uma chuva a lavar a rua.
Foi-se
sem rastros, nem sombras.
Sem marcas.
Perdeu-se
na poeira do tempo
como a areia da ampulheta gasta.
O que foi,
não lembro.
Quem era,
não teve importância.
Tal como uma flor que murcha
quando chega o inverno,
perdeu-se num canto da memória.
Não deixou marcas.
Não resgatou karmas.
Não teve a menor importância.
Apenas passou.
Como até a pior das intempéries
passa algum dia.
E foi como se nem houvesse chegado.