Entres flores belas
Eu, diferente de Florbela,
desejo amar-me desperdidamente
e sentir agora o que jamais se sente,
desfernandeando um fingido amor que passe.
Em meus reinos muitos reis existem
e todos amam o que não mais existe
para se acharem nos sonhos ressonhados
quando tudo parece já acabado
e ajuntando no amor acha-se tudo.
E se dói um coração em desassossego,
melhor é viver-se surdo e em segredo
do que um amor ido em palavras.
Eu sou igual às flores belas
e se são azuis ou amarelas,
o que nelas me importa é a primavera,
essa, sim, fazedora de folhas e de flores,
dativas de versos e de amores,
bem sabe este poeta que ama tanto
mesmo que sem ser é amado.