HÁBITO ADQUIRIDO

HÁBITO ADQUIRIDO

Meus dias têm o hábito

de caminhar pela alameda sem dar conta de mim.

Um hábito que as tardes me ensinaram generosamente.

Os bolsos cheios de nada e as mãos vazias de tudo...

De volta, o portão de casa entreabre os braços secos

e me convida para entrar...

E vem aquela sensação de que esqueci

de me lembrar do que o dia indiferente não contou...

Retorno em busca da lembrança do sorriso de amizade,

do cântico de um pássaro, de um beijo que me deu a brisa...

E só então percebo que minhas mãos vadias

– não sabendo uma o que a outra anda fazendo –

já me haviam tocado o coração secretamente

com o encanto que as idas e vindas pela vida

acabavam de me dar...

Entro afinal, e num cantinho da memória

um sorriso de criança acende a luz

da minha alma...

Como se alguma flor esquecida

estivesse me estendendo a mão...

... a mão do aroma de rosas

que ainda me acompanha...

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 11/12/2008
Código do texto: T1330778
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