Normalidade
Tudo está em seu lugar
As crianças brincam
As estrelas piscam
Os automóveis correm
Os semáforos colorem
verde
amarelo
vermelho
Outras crianças mendigam
Outras estrelas morrem
As astronaves passeiam
A tv pisca imagens sem nexo
Só sexo
O cigarro queima
abandonado no cinzeiro
Os radicais se libertam
nas metástases
e nas rugas precoces
O universo pulsa outros universos
em seus átomos infinitos
Na mesma medida em que pulsa ele próprio
mero elétron de uma bomba macrocósmica
que irá explodir outra Hiroshima
Distante...
Distante...
Tudo está em seu lugar
Descabida mesmo
Só essa angústia
Constante
Insistente
Mais velha que o tempo
Mais urgente que eu
Entrançada em minhas entranhas
Indecantável:
Já não sei se eu sou ela
Ou se ela sou eu.