VAZIO IMPERADOR

Hoje o vazio imperou

O poema não rimou

O café esfriou

O calor passou

Nem mais sol, nem mais lua

Nem o meu pé rachado ficou

Minha face envelhecida

Minhas rugas atrevidas

Disseram-me à frente do espelho:

"Sorria querida!"

Como se já não bastasse a ausência

A abstinência de ti me torna abismo

Quando vir a me descobrir, cortarei as asas

Não quero mas voar, quero ficar aqui

Diante de mim

Minhas fraquezas

Minhas canções

Meus livros, meus eu's

Quero te fumar de novo homem

Quero teu cheiro, teu sabor de mato

Tua pele crua em mim, teu tato

Hoje o vazio imperou...

Meu caminho é taciturno

Minha fome e minha sede

Estão chegando ao fim de mim

Hoje o vazio imperou

O telefone não tocou

Onde estou?

O sentir tornou-se lágrimas

O fluir esqueceu-se

A dor renasceu

O vazio cresceu

A primavera passou

Os pássaros se formam

A atriz desceu do palco

O espetáculo acabou

A poesia está de porre

Embriagou-se da dor sentida

O vinho dos desejos meus

Apodreceu-se entre meus ais

Minha arrelia espanta!

Mas as velas ainda estão acesas

O cenário é de pura consternação

E está nos meus sonhos - o real -

Simoni Maranhão
Enviado por Simoni Maranhão em 11/12/2008
Reeditado em 14/10/2009
Código do texto: T1330366
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