VAZIO IMPERADOR
Hoje o vazio imperou
O poema não rimou
O café esfriou
O calor passou
Nem mais sol, nem mais lua
Nem o meu pé rachado ficou
Minha face envelhecida
Minhas rugas atrevidas
Disseram-me à frente do espelho:
"Sorria querida!"
Como se já não bastasse a ausência
A abstinência de ti me torna abismo
Quando vir a me descobrir, cortarei as asas
Não quero mas voar, quero ficar aqui
Diante de mim
Minhas fraquezas
Minhas canções
Meus livros, meus eu's
Quero te fumar de novo homem
Quero teu cheiro, teu sabor de mato
Tua pele crua em mim, teu tato
Hoje o vazio imperou...
Meu caminho é taciturno
Minha fome e minha sede
Estão chegando ao fim de mim
Hoje o vazio imperou
O telefone não tocou
Onde estou?
O sentir tornou-se lágrimas
O fluir esqueceu-se
A dor renasceu
O vazio cresceu
A primavera passou
Os pássaros se formam
A atriz desceu do palco
O espetáculo acabou
A poesia está de porre
Embriagou-se da dor sentida
O vinho dos desejos meus
Apodreceu-se entre meus ais
Minha arrelia espanta!
Mas as velas ainda estão acesas
O cenário é de pura consternação
E está nos meus sonhos - o real -