VEGETANDO
Como folha seca
Ao fim do outono
Caio, e no vento vou,
Retorcida de pesar
Cinzenta por findar;
Num olhar derradeiro
Despeço-me do sol.
Não sendo semente
Seço de repente
Assim nada deixo
Senão a lembrança
Da sombra que fiz.
Sem remorso deito
Na serrapilheira
Descanso no pó
Este justo juiz
Que a todos mortais
Dá prisão perpétua;
E como sábio matemático
Tudo contabiliza
Cobrindo logo após
Com o sinal de igualdade.
Esvai-se pois a vaidade
E eu, simples folha
Seco, murcho
Feliz me calo...E vou!