Poema sem mar e céu
Meu mar, navios tem que regue
e amor e amor que eu te negue
e fantasias que já não me acordem.
O azul do céu envergonhado esconde-se
porque lê em meus olhos palavras indecentes
mas, confesso, o que eu escrevo, mente
a dizer-te o que em minh’alma mora.
Imito em céus apenas um inferno,
veneno da dor, mal dos incrédulos,
o que não mora em mim bem perdoado
mas habita os meus verbos
que, ao escrever com a ira, escondem-se no verso.
Cada louco sua loucura guarda
e o que de ti me separa não é apenas a estrada
mas as pernas trôpegas que por si só naufragam.
Sabes, então, agora de que mar eu falo
e de que céu te digo,
lê neste poema apenas o meu desaviso
ao escrever sem dó o que dó dá após lido:
ele não é apenas um poema sadio
mas carrega a poesia livre em seu abrigo.