Sem Palavras
O teu silêncio me levou à tua porta.
Transpassei-a, esperançoso, desejando o ar que tu respiras.
Deparei com a tua vida vazia de mim.
Apenas a secretária, fria e inerte, estava sobre a mesa.
Meus recados foram apagados.
Nenhum sequer respondido.
A foto que eu te havia pedido jazia na escrivaninha,
como única novidade, sem qualquer explicação,
sem sequer uma linha, um recado decifrável:
Não me procures mais!
Assim sendo,
apropriei-me da tua imagem: eu vou guardar pra sempre,
e guardei as palavras que hoje escrevestes no meu coração:
“Hoje eu não posso ser tua, como tu não podes ser meu.
Fica contigo a certeza de que o nosso amor seria belo,
se hoje fossemos livres para amar”.
Antes de sair, pensei em deixar-te algumas linhas.
Mas isso significaria insistir no sofrimento.
Ignorar o teu pedido de socorro.
Alimentar tolamente a minha esperança.
Fiquei um tempo a admirar-te.
A corresponder o teu sorriso.
A contemplar o teu olhar.
Quase a sentir no meu rosto a tua tez macia.
Em silêncio, retirei-me da tua porta.
Transpassei-a, pesaroso, faltava-me o ar que tu respiras.
Volverei para a minha vida vazia de ti.
Marejavam de lágrimas os meus olhos.
Um sorriso bobo tremulava os meus lábios.
Todo o meu ser querendo ficar mais um pouco.
Adeus, se assim tu queres.
Deixei na ausência da tua imagem na escrivaninha,
como única novidade, sem qualquer explicação,
sem sequer uma linha, um recado decifrável:
Atendi aos teus apelos, à tua suplica sutil!
Assim sendo,
apropria-te da verdade: eu vou te amar para sempre,
e guarda as palavras que eu hoje escrevo no teu coração:
“Um dia pra sempre tu fostes minha, como eu pra sempre fui teu.
Levo comigo a certeza de que o nosso amor é belo,
ainda que hoje não sejamos livres para amar”.
Este texto faz parte da coletânea Alma Nua de Ivo Crifar, pela editora Baraúna.
O teu silêncio me levou à tua porta.
Transpassei-a, esperançoso, desejando o ar que tu respiras.
Deparei com a tua vida vazia de mim.
Apenas a secretária, fria e inerte, estava sobre a mesa.
Meus recados foram apagados.
Nenhum sequer respondido.
A foto que eu te havia pedido jazia na escrivaninha,
como única novidade, sem qualquer explicação,
sem sequer uma linha, um recado decifrável:
Não me procures mais!
Assim sendo,
apropriei-me da tua imagem: eu vou guardar pra sempre,
e guardei as palavras que hoje escrevestes no meu coração:
“Hoje eu não posso ser tua, como tu não podes ser meu.
Fica contigo a certeza de que o nosso amor seria belo,
se hoje fossemos livres para amar”.
Antes de sair, pensei em deixar-te algumas linhas.
Mas isso significaria insistir no sofrimento.
Ignorar o teu pedido de socorro.
Alimentar tolamente a minha esperança.
Fiquei um tempo a admirar-te.
A corresponder o teu sorriso.
A contemplar o teu olhar.
Quase a sentir no meu rosto a tua tez macia.
Em silêncio, retirei-me da tua porta.
Transpassei-a, pesaroso, faltava-me o ar que tu respiras.
Volverei para a minha vida vazia de ti.
Marejavam de lágrimas os meus olhos.
Um sorriso bobo tremulava os meus lábios.
Todo o meu ser querendo ficar mais um pouco.
Adeus, se assim tu queres.
Deixei na ausência da tua imagem na escrivaninha,
como única novidade, sem qualquer explicação,
sem sequer uma linha, um recado decifrável:
Atendi aos teus apelos, à tua suplica sutil!
Assim sendo,
apropria-te da verdade: eu vou te amar para sempre,
e guarda as palavras que eu hoje escrevo no teu coração:
“Um dia pra sempre tu fostes minha, como eu pra sempre fui teu.
Levo comigo a certeza de que o nosso amor é belo,
ainda que hoje não sejamos livres para amar”.
Este texto faz parte da coletânea Alma Nua de Ivo Crifar, pela editora Baraúna.