MÃOS

São cinco dedos

Na mão

Cinco pinças

De precisa mobilidade.

Cinco dedos

E a mão.

O que fazem então?

Segurando firme o giz

No quadro negro

Desvendando as regras

Na educação de nós crianças de um dia...

Na rédea do cavalo campeiro

Tocando o gado ligeiro

Empunhando o berrante solitário e lamentoso.

Em movimentos seguros leves

Tocando mais leve ainda o chão

Com uma enxada educada na lida da roça.

Calejadas mãos e seus nodosos dedos

De uma moral simples do homem singelo

Que não põe a sua mão na cumbuca não.

Finas mãos e ágeis dedos

"Eruditos" dedos ajeitando o colarinho branco

Na lama das sutis roubalheiras de gabinetes.

Mão e seus dedos solitários masturbantes.

Mão e seus dedos entrelaçados aos da amante

Tocando sutil o seu clitóris

Segurando-lhe firme as ancas

Numa estocada viril e precisa.

Mão e seus dedos pinças.

Quantas coisas que tem por fazer.

Por que então desfazer a sua realização

Empunhando um revólver letal?

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 02/04/2006
Reeditado em 02/04/2006
Código do texto: T132768