MÃOS
São cinco dedos
Na mão
Cinco pinças
De precisa mobilidade.
Cinco dedos
E a mão.
O que fazem então?
Segurando firme o giz
No quadro negro
Desvendando as regras
Na educação de nós crianças de um dia...
Na rédea do cavalo campeiro
Tocando o gado ligeiro
Empunhando o berrante solitário e lamentoso.
Em movimentos seguros leves
Tocando mais leve ainda o chão
Com uma enxada educada na lida da roça.
Calejadas mãos e seus nodosos dedos
De uma moral simples do homem singelo
Que não põe a sua mão na cumbuca não.
Finas mãos e ágeis dedos
"Eruditos" dedos ajeitando o colarinho branco
Na lama das sutis roubalheiras de gabinetes.
Mão e seus dedos solitários masturbantes.
Mão e seus dedos entrelaçados aos da amante
Tocando sutil o seu clitóris
Segurando-lhe firme as ancas
Numa estocada viril e precisa.
Mão e seus dedos pinças.
Quantas coisas que tem por fazer.
Por que então desfazer a sua realização
Empunhando um revólver letal?