Metamorfoses
Com o impacto da primeira luz,
a primeira palmada,
o choro, o riso,
a chegada,
o prenúncio do início.
É a construção de virtudes,
a confirmação de vícios;
o casulo pronto se abre...
é só o começo...
e então começa a metamorfose.
O começo de muitas mudanças:
de humor, de dor,
de inimigos, de cores,
de flores, de amores...
É o começo do sol,
e o sol é só o começo.
O menor agora é tudo,
o tudo, que não era nada,
agora transformou-se,
tornou-se incalculável;
é um universo em expansão,
um tanto quanto imensurável.
A estagnação é insuportável.
Mesmo no conforto,
o não transformar-se
torna-se um exercício da mesmice;
não aceitar o marasmo
é ver-se um ser em mutação,
disposto a lutar contra si e todos,
todos os dias,
buscando novas metamorfoses.
Enquanto isso,
quem estaciona no conformismo,
diminui-se em demasia;
assim como a alma,
projetada a exibir sua pele de camaleoa,
fatiga-se pelo desejo reprimido,
e conforma-se com o silêncio,
suspirando um triste e imutável gemido.