hipoteticamente
a narrativa da voz
olhando do palco o silêncio
escuro da plateia
habitada por pessoas
sem rosto no olhar perdido
onde declamo hipoteticamente
a minha ausência
deste palco iluminado
pela respiração do poema
saindo das pedras
com suas escamas de versos
a flauta mágica
agito-a nas mãos nuas
aflorando os buracos
abertos na cana oca
a alegria mora algures
pronta a mudar de pele
para crescer e crescer
a noite espera por nós
em breve nos alongaremos
à boca do amor e dos corpos
{01.04.06
Estreio este caderno no Dia das Mentiras, será uma data comemorativa da Mentira? Um património a preservar da humanidade? Seja qual for a razão do dia, nele memorizo a estreia de mais um caderno.
Venho de assistir a um espetáculo musical, sentei-me num café a beber uma cerveja. Vou tentar amadurecer a ideia duma letra onde possa a_cor_dar a magia da voz a dar vida às palavras, a letra dum canto: um poema.}