MURMÚRIOS ÍNTIMOS
Jamais pensei cantar
a nudez da hora íntima.
Pois, na hora íntima, todos os silêncios fazem algazarra
e a cumplicidade dos olhos extasiados, em mudez,
complementa-se, mesmo sem fala,
ao desnudarmos a roupa precária
da incredibilidade do momento encantado
quando, nus, ardemos de felicidade!
Quanta abundância de seios pequenos inquietos
perdidos nos lábios que balbuciam o gozo vindo
da sua boca antropofágica a consumir
e a lamber o meu peito arreganhado
até comer essa paixão de coração.
Quanta fartura de pés e mãos na festa dos laços
das pernas, dos braços nascidos sem dia exato
onde, de presente, só o contentamento
provoca arrepios bem contemplativos
pela nudez sem data de aniversário.
Os toques, sem maledicências, provocaram chuvas, torrentes
que vêem o embelezamento da alma nascente no corpo errante
onde deságuam entre dedos os rios para o caminho dos oceanos
que explodem num encantado mar de coxas, submergido os pelos
pelas enxurradas a brincar de chuá-chuá, ilhando a borda desse leito
acamado pela da chuva que cai incomodada pelas goteiras deste teto
afogado em calhas, murmúrios da hora íntima, que jamais hei de cantar!.