POUSADA
Minhas mãos
encobrem suas mãos
incansáveis em trocar o vestir
dos nossos dedos.
Meu corpo
deitado sobre seu corpo,
insaciável, descobre o despir
da nossa carne viva.
Aperte-me contra seu medo,
que teme excitado pelo peito ereto;
abrace-me contra sua alma,
que brinca excitada pelo gozo eterno.
Não me xingue de amigo,
mesmo se a vida, cúmplice, lhe impuser
a data do aniversário para comigo fugir
do bolo, da faca, da vontade de mentir.
E, com um lençol bem comum,
cobrirei seu olhar na maioridade do sono,
com um lençol bem comum
aquecerei suas coxas para que o vento não carregue
o nosso lençol em comum
- daqueles de pousadas bem barata -
molhado pelo amor, antes do despertar do acontecer.