Inocente Indigente
Qual o valor de uma vida
Será possível mensurar
Se mesmo a oportunidade de nascer
Alguém foi capaz de lhe arrancar
O rosto delicado
Ainda em formação
Dedinhos como pétalas
Desabrochavam pequenas mãos
Tanta coisa pra viver
Um mundo inteiro pra conhecer
Seus olhos mal puderam ver
Quem lhe proporcionaria a dádiva de nascer
Mas o mesmo anjo
Da concepção
Foi o demônio
De sua maldição
Não quis com ele viver
E interrompeu seu coração frágil
Punindo-o por querer bater
Sufocou sua respiração
Bloqueou o seu pulmão
Afogando-o num mar de sangue
Sem volta
Sem redenção
Será que tal ato
É justificável?
Pois nada explica
Um assassinato
Por que tal criatura
Ainda feto abençoado
Carrega a culpa
De uma atitude impensável
O culpado tem no ventre
A prova de um crime
A morte de um inocente
Ainda indigente
Que não tinha a menor noção
Do que lhe acontecia
E conceder perdão
Ele nunca saberia