CALEIDOSCÓPIO
Plena madrugada...
Acordada,
ouço o balrulho do silêncio.
Ouvido atento,
percebo ao longe
um solo de flauta.
O som plangente, choroso,
apaga tempo e espaço.
Não estou onde estou.
Distante,
contemplo imagens
no caleidoscópio da vida.
Não posso pará-las:
Caem as pedrinhas
em mutação constante.
São apenas lembranças
que se atropelam...
É um balé de cores e cristais.
Imagens de doce saudade,
Saudade
de infância que brinca,
de juventude que sonha...
Amarelo-ouro do outono,
Branco-prata do inverno....
Perde-se na névoa do tempo
o doce solo de flauta.
Desaparece o caleidoscópio.
Um raio de sol me beija os cabelos.
É o dia em seu belo amanhecer.
É o milagre da vida a se anunciar....