QUITÉRIA II

Não tenho porque me culpar

de te ver tanto humanamente como vejo

Vejo-me devorar-te, criatura!

Assim como se engole

o que se mata sem pensar...

E mais tarde te vejo pousar

linda sobre as sombras e silhuetas

entre as esquadrias de olhos

Que só são escuros porque fechados

Que são feios porque não seus.

E de mim tirar qualquer glória

por em teu seio ser mais humano

como inteiro te odeio e te amo?

Nada mais que me enriquecer

me resta após o nada de mim...

E, pra o fim, uma estrofe levo

como consolo do que não sou.

Eu sou o que defino nos poemas,

a ambigüidade de ser eterno devir.

E não ser. E ser ser que constantemente

nega a si próprio, Matéria.