LÍNGUA GRANDE, MAL HUMANO

Os gumes afiados

das línguas

calaram nossa bocas

afastadas e sozinhas,

selou-se silenciosa

a carta não remetida

enquanto as nossas roupas

guardadas, pecam vaidade.

O canivete de bolso

ressurgiu afoito

retalhou o siso sem mistério

do riso dos amantes,

perfumou-se de praça

na seiva ferida das árvores

no coração rasgado de amor

iniciado por um canivete.

Língua grande, mal humano,

as bocas também precisam de silêncio.