ERUDIÇÃO DE COISA ALGUMA e CASA DA PAZ
ERUDIÇÃO DE COISA ALGUMA
Dizem que sou tipo erudito,
mas não passo de um penico,
que o tempo mal passado
deixou esquecido
(debaixo da cama!...)
E fiquei enferrujado
Por um mijo velho e ardido.
CASA DA PAZ
Espadas de Ogum no hall
da casa onde habita a paz
no quarto, uma esteira só
abriga um amor demais...
Bordado em tecido e um couro cru
completam a decoração
e o sol na varanda azul
rebrilha no coração.
Agora é chamar por Deus,
Xangô, Oxalá e Oxum,
Pedir zelação pros meus...
Viver...
(Saúde! Harmonia e Paz! Amor! Prosperidade! Merecimento! Sucesso com Reconhecimento e Muita Alegria!)
Saravá, Ogum!
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Ambas têm histórias!
1ª) Comecei a fazer teatro em Jequié, 1962. Voltei a Salvador e continuei a fazê-lo. Colégio Estadual da Bahia, o Central, 1964 – ano da Ré-volução. Desfilava de minha casa à Rua Areal de Cima, Largo 2 de Julho, Centro Histórico de Salvador para os ensaios no colégio. Tira-colo no “spalla", a deixar as mãos livres pro manuseio das páginas de algum livro que estava sempre a ler.
Eu nunca fui de “sorrir para poste” ou “dar bom dia a macaco” – pura timidez de adolescente com os seus macacos internos.
Então eu não era bem visto pelos jovens da minha rua que ao me verem passar sempre faziam um gracejo:
- Olha, lá vai ele, o "bom moço"! Ele faz teatro... é bailarino! Deve ser frutinha... e erudito!
Aquilo me matava! Teatro eu faço mesmo. Bailarino, não sou, mas acho simpática a idéia, já que sou ator e preciso saber dançar... Frutinha, isso jamais!
Erudito???...
Ao chegar de volta do ensaio rabisquei num só pique o que se tornou provavelmente a minha primeira poesia.
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2ª) Casei menino, 22 anos, na raça (ou no tesão!), com Mirtes (Mirtinha), garotinha, 16. Não tínhamos recursos e montamos nosso casebre de forma rude e bastante criativa. Móveis reciclados de caixotes, barricas que embalavam uvas no mercado, um sofá-cama de corda trançada e colchões de capim comprados baratos na feira livre. No quarto esteiras e uma cama de mola “patente-azul” com novamente colchão de capim da feira e um forro de couro cru peludo de boi. No mais, plantinhas pra espantar as negatividades, avenças, espadas de Ogum, de Oxossi e de Iansã, que nos ajudavam a transpor a realidade difícil para a transcendentalidade. Muito Amor! Muita Paz! E sonhos de esperanças em cada manhã amanhecida. O mais está na poesia... Pro seu deleite, pra sua alegria!
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