A MOÇA VERMELHA
Um mundo pintado de cinza
Pode, às cores, voltar!
Basta a moça vermelha,
Aquela mesma do olhar,
Fazer do preto, o azul;
E não seria espanto algum
Vê-la, o branco, amarelar.
Tudo fica mais lento
Quando essa moça enrubesce.
O vento: juram que para.
Até o descrente faz uma prece!
Pois nesta vida sem cores
Já mais não se veem flores.
Só quando a moça aparece.
E caso haja alguma regra,
A exceção reinará.
Capaz de fazer o moço
O seu violão, afinar.
Entoando novas músicas,
Aprendendo notas únicas,
Pra cantar só por cantar.
Se a moça resolvesse
Pintar o coração represado,
Daquele moço incolor,
Ateu, triste e calado,
Não causaria estranheza,
Se evaporasse a tristeza,
Secando o rosto encharcado.
O cheiro da tinta o faria
Nada da vida lembrar.
Tal substância entorpece.
O moço deixa-se embriagar.
Porque o efeito se assemelha
Ao beijo da moça vermelha,
Aquela mesma do olhar.