A MOÇA VERMELHA

Um mundo pintado de cinza

Pode, às cores, voltar!

Basta a moça vermelha,

Aquela mesma do olhar,

Fazer do preto, o azul;

E não seria espanto algum

Vê-la, o branco, amarelar.

Tudo fica mais lento

Quando essa moça enrubesce.

O vento: juram que para.

Até o descrente faz uma prece!

Pois nesta vida sem cores

Já mais não se veem flores.

Só quando a moça aparece.

E caso haja alguma regra,

A exceção reinará.

Capaz de fazer o moço

O seu violão, afinar.

Entoando novas músicas,

Aprendendo notas únicas,

Pra cantar só por cantar.

Se a moça resolvesse

Pintar o coração represado,

Daquele moço incolor,

Ateu, triste e calado,

Não causaria estranheza,

Se evaporasse a tristeza,

Secando o rosto encharcado.

O cheiro da tinta o faria

Nada da vida lembrar.

Tal substância entorpece.

O moço deixa-se embriagar.

Porque o efeito se assemelha

Ao beijo da moça vermelha,

Aquela mesma do olhar.

O Daltônico
Enviado por O Daltônico em 07/12/2008
Reeditado em 23/07/2010
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