Antípoda

Meio dia no Japão,

meia noite por aqui.

Em meio à escuridão,

eu de novo no serão.

Lá, sushi e sashimi.

Em Tóquio a correria,

o trem bala e celulares.

Aqui, a agonia

do silêncio em demasia

arrastado pelos ares.

Parágrafos reticentes

de letras embaralhadas.

Procuro as minhas lentes,

os óculos inclementes

de quem já não vê mais nada.

Terra do Sol Nascente,

daqui a pouco capitulo.

Preparo ban-chá bem quente

(nada muito diferente)

e vou para a cama num pulo.

Amanhã, seis da matina

na Terra do Sol Poente:

missô-shiru na terrina,

um pingado ali na esquina,

mais um dia à minha frente.