CADERNO DE ESCOLA

As explosões do coração

que guarda secreta inquietude,

vivendo em constante tensão

manifestação solitária que desilude.

É sempre mais do mesmo toda tarde

em que se protege do teatro da vida.

Os galhos nus da árvore que arde

nas chamas em que acabará consumida.

Os dias sem as sombras serão difíceis

nos repetidos segundos de ritmo invariáveis

em que nos sentimos malditos

diante de todos os nossos escritos.

Eu quero me esconder do brilho da luz

saltando o muro que aprisiona a rua,

a esperança de um dia de outono infinito,

onde o vento deixa o entardecer mais bonito.

1987.

(Poesia sem título encontrada nos cadernos antigos do ginásio)