PARA LER BAUDELAIRE

Expiar as rimas ricas

No afogar da alma cândida

Feito algibeira em montada pronta

Na espera da âncora que navega

Notívagas mensagens na fresta do muro

Lancetadas sobre o branco, nas cores naturais

Oh! o que verte de tantas línguas

Falas malditas de bocas que pagam

Faina solitária dos que calam

Em rubras linguagens, a mão, o teclado

Ver sem sentir a verdade, apenas

O cisne, o ganso, a noite, luxúria e o vinho

Na calada da noite, uma usina de letras

Textos largados na rede, risadas e taças

Expiar as ricas rimas

A cabeça entre suas coxas sugando entre sua teia

Morangos, cerejas, uma Ilha fantástica

Velhos e novos, outros pintores de salão

A sua boca mais carnuda

Os seios que me expiam

Tantas falas que calam pelo infinito

Não, esse mundo não vai acabar

O tempo pode decompor os anos

A insanidade continuar sua mortália

Mas como os deuses gréculos e romanios

A paisagem sempre se transforma

Nessa arte que decora a vida

Transpira todos os gases, fumaças e antídotos

E aquele fel das línguas encardidas

Lições dos Buendias, velhas tragédias

Outros 100 anos hão de passar

Mesmo sem as ricas rimas de outrora

Nos tons, nesta sinfônica inacabada

A solidão será sempre companheira

Tal qual a volúpia e o riso

Amendoas novas para o verão

Suaves marés chegando na praia

Olha, a mãe, o teu rosto

Pontas lançadas ao largo da terra

Vesperais entre adidos, novos híbridos

Descobrindo o ser em nossa história

Mesmo parca, tal ou mais injusta

A média que te cabe

Por aquilo que não faz

Roda, roteiro, veja teu mundo

Semi-acabado, tresloucado, taciturno

Seixos que brotam na flor d’água

Lábios que me beijam todo o sexo

É, verdades que ficam de fora

Tornando mais pobres as ricas rimas

Tombado o Éden, dinásticas perdições

Outra explosão feroz dentro do mar

Não há mal que se abale tanto.

Peixão89

Santo André-SP-Brasil

Peixão
Enviado por Peixão em 26/04/2005
Reeditado em 09/01/2010
Código do texto: T13196
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