Im(possibilidade)
Ela segurava as grades do portão
com a força de quem não se permite explodir o grito contido no peito
que quer romper a fina linha que a separa da sanidade.
Quando envolta naquele laço de braços
que lhe alcançava os espaços mais vagos,
era possível sentir a inundação fervilhando nos poros.
Alguma coisa de suavidade clara
lhe atingia voraz
como uma pancada terçã ,
como um solavanco que põe tudo às avessas.
E que coloca alguma coisa que esteve errada há tempos
no lugar que lhe cabe.
Ela sabia que estava caminhando para duas possibilidades;
a de se estender sob uma luz benquista -desejo maior-
ou a de fechar de vez as portas
para que nada se faça em pedaços...
E para que não leve chuva para outros canteiros.