Luar
Ah! Que tristeza ser poeta:
E sentir Dentro da alma esta mágoa secreta,
Esta dor que só se ensalma
Com Brados de Fanfarras?!
É saudade, a saudade,
Que Geme na minha alma,
Que me obriga a cantar como as loucas cigarras
A esperança que foi hoje é o sonho que voa:
Meu coração é um barco, ao mar, vagando à toa.
E o desejo é a procela
Que pelo mar nos leva ao léu, como sem vela!
E o tempo tão vermelho... Anda tudo mudado.
De púrpuras se veste até o espaço azul!
Já não é o céu mais azulado.
E a lua que era branca, alvinha, como o linho!
Mostra-se mais taful.
É agora um balão a rebentar de vinho,
É de outro, hoje, o luar. Como anda assim tão rico!
As Belezas deste mês
Não olhes mais, Erico.
Olha para tu alma e vê que Palidez!
prende o teu pensamento e sessa de cismar.
Dorme, dorme! que a lua
Que pelo céu andou, sozinha, triste e nua,
Virá sonhar contigo em leito de luar.
Teixeira Marques