Luar

Ah! Que tristeza ser poeta:

E sentir Dentro da alma esta mágoa secreta,

Esta dor que só se ensalma

Com Brados de Fanfarras?!

É saudade, a saudade,

Que Geme na minha alma,

Que me obriga a cantar como as loucas cigarras

A esperança que foi hoje é o sonho que voa:

Meu coração é um barco, ao mar, vagando à toa.

E o desejo é a procela

Que pelo mar nos leva ao léu, como sem vela!

E o tempo tão vermelho... Anda tudo mudado.

De púrpuras se veste até o espaço azul!

Já não é o céu mais azulado.

E a lua que era branca, alvinha, como o linho!

Mostra-se mais taful.

É agora um balão a rebentar de vinho,

É de outro, hoje, o luar. Como anda assim tão rico!

As Belezas deste mês

Não olhes mais, Erico.

Olha para tu alma e vê que Palidez!

prende o teu pensamento e sessa de cismar.

Dorme, dorme! que a lua

Que pelo céu andou, sozinha, triste e nua,

Virá sonhar contigo em leito de luar.

Teixeira Marques

Teixeira Marques
Enviado por Teixeira Marques em 04/12/2008
Reeditado em 06/12/2008
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