Bipolar

Não sou mais de mim nem de ninguém,

não valho um tostão ou um vintém.

Sou mesmo essa ilha em mim desfeita,

desacesa de mares e do mundo alheia,

terra defenestrada, amor iludido,

uma praça não visitada

um rio sem mar, um corpo sem espírito.

Tudo sei que sou quando a dor passa

e alguma alegria por mim se engraça

e tenho a vida bela e amada novamente

dentro dos poemas tecidos nos confins da alma.

Não há mundo melhor que este onde eu moro

nem Deus maior que este que eu adoro

e dá-me o rio e o mar

o sol, a lua, a musa, o amor e o ar

e então eu sei que o meu valor

nem mesmo em amor sei calcular.