CANTIGA PARA RITA MALUCA

CANTIGA PARA RITA MALUCA

Trazia uma flor na boca

um beijo amargo na mão

um anjo vesgo no corpo

no silêncio uma canção

como flauta ressurgida

da memória adormecida

nas masmorras da razão...

Calava, mas seus desejos

quando deuses rebelados

abriam seus lábios mudos

com segredos revelados

invadindo seus destinos

como barcos clandestinos

por mares não navegados...

Como escrava, era rainha.

Quando livre, era cativa...

De seu olhar despontava

a luz da aurora indecisa...

Sonho perdido nos passos

e nos braços sem abraços

uma esperança imprecisa....

E só amava em desvarios

sem prazer nem amargura

como quem amava além

da razão que há na loucura...

E vencia os seus mistérios

entregando seus impérios

por um resto de ternura!

A. Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 02/12/2008
Código do texto: T1315269
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