Crônicas da madrugada - Ohlavrac Nilknarf
Crônicas da madrugada - Ohlavrac Nilknarf
Quis dormir, mas não o pude
A pena sobre o brando papel, chama-me
Mesmo moroso, aceito o pedido
Autoria minha, razões também
Vou prosar em versos a rotina
A regra sugere o banho cotidiano
Certo que a sou, todo os dias faço-o
Banhos deveras ainda sujo continuo
Apelo para a água, a sujeira é genética!
Sempre quis ser o que não sou
Com o passar da ampulheta, as areias explicam-me meu fado
Agora, acostumei-me a ser sujo
De uma sujeira que se esconde em favelas e calçadas
E que tanto mal causa ao mundo
Sempre entre multidões estou
Mas nas minhas redondezas nada vejo
Nunca habito em vértices
No centro procuro-me
Matutando sozinho, analiso o mundo
Troco idéias apenas comigo
Idiota que sou
Adentro pela madrugada
Com leito vazio e abajur ligado
Buscando em árvores de pedra meu ninho
Venço a noite
Chega a aurora
Vem o galo incomodar...
Onde está o galo?
Levanto e olho. É mais um idiota a cantar?!