Crônicas da madrugada - Ohlavrac Nilknarf

Crônicas da madrugada - Ohlavrac Nilknarf

Quis dormir, mas não o pude

A pena sobre o brando papel, chama-me

Mesmo moroso, aceito o pedido

Autoria minha, razões também

Vou prosar em versos a rotina

A regra sugere o banho cotidiano

Certo que a sou, todo os dias faço-o

Banhos deveras ainda sujo continuo

Apelo para a água, a sujeira é genética!

Sempre quis ser o que não sou

Com o passar da ampulheta, as areias explicam-me meu fado

Agora, acostumei-me a ser sujo

De uma sujeira que se esconde em favelas e calçadas

E que tanto mal causa ao mundo

Sempre entre multidões estou

Mas nas minhas redondezas nada vejo

Nunca habito em vértices

No centro procuro-me

Matutando sozinho, analiso o mundo

Troco idéias apenas comigo

Idiota que sou

Adentro pela madrugada

Com leito vazio e abajur ligado

Buscando em árvores de pedra meu ninho

Venço a noite

Chega a aurora

Vem o galo incomodar...

Onde está o galo?

Levanto e olho. É mais um idiota a cantar?!

Ohlavrac Nilknarf
Enviado por Ohlavrac Nilknarf em 02/12/2008
Código do texto: T1314723
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