Conjectura

Seu último beijo queimou minha boca,

Marcando-me os lábios, deixando-me em desatino...

Revelando-me sua natureza, ao tirar a roupa,

É como se estivesse presa ao meu destino...

~

Então esqueço da vida, esqueço do tempo!

E passo a respirar somente seu perfume...

A vida até parece passar num só momento,

Expondo-nos a verdade de tudo que nos une...

~

Mas eu lhe falo com minha malícia desencarnada!

Sei bem o que procuro, são tantos os desejos...

À noite nos revela muitos passos na jornada,

Iniciadas por um único toque de beijo...

~

No escuro, sei bem o que minhas mãos procuram,

E dedilham-te, com um piano em sonata...

Os sons que saem de sua boca, se perduram,

Até que num êxtase, tu toques a poesia da madrugada...

~

Como se desencarnasse um amor profundo,

De uma dor ao qual nada ensalma...

Fazendo de nosso quarto, um pequeno mundo,

Governado pelos confins de nossas almas...

~

Pois a alma governa e sente, todo e qualquer sentido,

Reprimido ou não, pela pele se revela...

Então o toque fala, até com gemidos,

O que escondemos ao apagar das velas...

~

Como se ocultássemos nosso mar de prazer,

Onde navegamos em ondas de suor...

Em corpos que se esfregam... O que dizer?

Então calarei, se assim achar melhor...

~

Assim não te direi nada, mas compartilharei,

De nosso revés, quanto tudo silenciar...

E quando amanhecer, de você não mais serei,

Pois acordado, com você não posso sonhar...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 31/03/2006
Código do texto: T131441