Potest Populu

Eu não votei por duas vezes seguidas

E também não me justifiquei...

Poderia explicar por semanas corridas...

Dirão que minha cidadania... Neguei...

Não irei pagar multa alguma...

Tirem-me meus documentos, meu nome...

Não me equivoquei de forma nenhuma...

Nada disso mudará meu sobrenome!

Tire-me o endereço, a cidadania...

Nada vai mudar o fato de que aqui estou!

Fiz assim e nada mudaria...

Não podem mudar o que sou!

Não vão me obrigar a ser hipócrita!

Não me digam que o voto é do povo o poder!

Minha voz não vai calar e ela grita:

-Vão a outro corromper!

Não sou favorável ao voto obrigatório

E o poder do povo não está em votar!

Esse poder é completamente ilusório

E todos se deixam enganar...

Se me dão apenas duas opções

E se as duas conheço desde a infância...

E me nego a escolher entre os dois espertões

Sou eu que possuo ignorância?

Que poder é esse que me obriga

Escolher sem ter opção?

"- Isso é conspiração e intriga!"

Em ano de eleição!

Se entre tantos eu não posso crer

Que algum engravatado possa algo mudar...

Quem é que vai me convencer

Que sou obrigada meu voto dar?

Prenda-me... torture ou execute!

Façam o que bem entender!

Mas essa cabeça aqui não se ilude

Meu poder eu vou exercer!

Não vou fazer parte desse engano

Isso não é democracia!

Podem esperar que no próximo ano

Me encontrarão numa delegacia!

A situação do país vai de mal a pior?

A culpa com certeza não é minha!

A negligência do governo será maior,

Porque se levam por ladainha!

São Paulo, 01 de Dezembro de 2008, 01: 46

Shimada Coelho A Alma Nua
Enviado por Shimada Coelho A Alma Nua em 01/12/2008
Reeditado em 01/12/2008
Código do texto: T1312291
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