DESFOLHANDO ILUSÕES
a vida não tem gestos
que se perdem no ventre
no mar da alma
ou no corpo dos sonhos
os pássaros sacodem as nuvens com pena da solidão
levando canções que ressoam no espaço
que nem sempre os ouvidos ouvem
quando a alma em fuga
sepulta as ilusões nas frias estátuas
no sossego do puro sono
velando a flor da aurora da vida
sem saudade das manhãs
passadas no reverso sem versos
os rios sentem frustrações cegas
sibilam murmúrios de esperanças
onde morrem as cerejeiras brancas
ou quebram as ondas dos mistérios do oceano
desfolhando fantasias nas maresias
será infinito o tempo
ainda que seja um instante
a derramar amores matizados
nos silêncios calados
das lágrimas salgadas
no luar adormecido
ou nas luzes suspensas
das montanhas inacessíveis
nos mares sem navegação
dos ventos sem rostos
secreto é o curso das estrelas invisíveis
na garganta dos cristais
onde dói a lua e o amor rasga-se
na rota das palavras do triste poeta.
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JF/MG-30/03/06- 9h