DESFOLHANDO ILUSÕES

a vida não tem gestos

que se perdem no ventre

no mar da alma

ou no corpo dos sonhos

os pássaros sacodem as nuvens com pena da solidão

levando canções que ressoam no espaço

que nem sempre os ouvidos ouvem

quando a alma em fuga

sepulta as ilusões nas frias estátuas

no sossego do puro sono

velando a flor da aurora da vida

sem saudade das manhãs

passadas no reverso sem versos

os rios sentem frustrações cegas

sibilam murmúrios de esperanças

onde morrem as cerejeiras brancas

ou quebram as ondas dos mistérios do oceano

desfolhando fantasias nas maresias

será infinito o tempo

ainda que seja um instante

a derramar amores matizados

nos silêncios calados

das lágrimas salgadas

no luar adormecido

ou nas luzes suspensas

das montanhas inacessíveis

nos mares sem navegação

dos ventos sem rostos

secreto é o curso das estrelas invisíveis

na garganta dos cristais

onde dói a lua e o amor rasga-se

na rota das palavras do triste poeta.

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JF/MG-30/03/06- 9h

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 30/03/2006
Código do texto: T130915