AMOR E SEU COMPONENTE MASOQUISTA

Algum dia

estes olhos tão brejeiros,

andorinhas migrantes,

vão saber do gosto

das palavras não ditas.

Algum dia,

quando bater à porta

– um qualquer –

paredes, crucifixo,

retratos e a cama,

fixos os olhos de bem-me-quer...

Algum dia, quando a boca

não souber mais dizer,

perceberás que os segredos

são a doce linguagem dos amantes.

E o tempo é apenas estas flores

de papel sobre a mesa.

– Do livro O EU APRISIONADO. Porto Alegre: EditorArt – RB, 1986, 29 p.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/130821