Suprema ventura
(Ao colega e amigo Thomaz Alves Brown)
Somente quem viveu pisando arenas
E padeceu, demais, para vencer,
Sabe melhor a vida compreender,
E na matéria divisar, apenas,
A silhueta de algo emocional,
A comovê-lo e a despertar-lhe amor,
Nele sentindo as mãos do Redentor
A esculturar sua obra divinal!...
Só esse alguém tem coração, tem alma,
Para querer a “deusa da natura”
- Manancial de amor e de ternura –
Que nossas emoções serena e acalma...
Como faz bem à gente ver a lua,
A linda estrela d’alva, prefulgente,
O sol a desmaiar-se no poente,
Um barco a velas que no mar flutua...
Quanta beleza existe nas planuras!
Na solidão estranha das florestas!
No pipilar do passaredo, em festas!
Na imensidão do céu, lá nas alturas!...
Amemos, pois, amigo, a natureza...
Amai as praias de Copacabana...
Eu sonharei, saudoso, o “Aquidauana”,
Amando a solidão e a tristeza...
Março de 1961.