Underground

Underground

O caminho escuro e solitário,

È o mapa, ou o que resta de uma estrada de má memória,

A ferida que não fecha, e se enraíza na minha mão,

Tudo que toco, me desfalece, e me diz não,

A chuva fria e áspera me aquece o serão,

A mente, essa não mora em meu corpo,

Nem se sente o coração, e a vida, é só um sopro,

O mundo virou o avesso, sujo dos palavrões vãos,

Arremessado num lixo, e aldrabado por irmaõs,

Sem fé, e o futuro sem fio-de-prumo,

E a vergonha, essa desvaneceu-se no meio do fumo,

Tanto faz se a estrada é pela esquerda ou pela direita,

Se o futuro já foi, ou se ficou arredado no degrau,

No underground, no gelo da mensagem de um vulto mau!

Hoje dormi na berma,

Meu leito serve um corpo que a sorte enferma,

E meu rosto, esconde o desalento na almofada,

Dura da solidão, fria das lágrimas que enxugo com a mão,

A noite, essa não tem pressa nem tem fim,

Nem o gosto, e o lamento de apodera de mim,

Esqueço o olhos e abstraio tudo que passa na minha frente,

E entrego-me ao sonho, num sono torto, demente,

Navego em água turva,

Na descoordenada estrela que se ofusca na imensidão,

Navego sem rumo, sem vela, sem capitão,

À mercê da tempestade que fustiga o meu casco,

Um vento forte,

Meu aliado na vida e na má sorte,

Nenúfar 28/11/2008