Rainha da Tempestade
Parada no topo mais íngreme,
Fitando com olhos cegos
As afiadas escarpas...
Alva mulher,
Segurando em suas mãos
Os fios furtados das parcas,
Chora, ruge, lamenta...
E o mundo, a sua volta,
Quase está a convulsionar...
Tempestade sem igual varre o continente...
Tudo fruto de um sentir doente,
De um desespero tão grande que não parece findar.
A cada urro um relâmpago corta o ar
E mais e mais ela aperta nas mãos os fios dourados...
Fios de vida,
Ainda imaculados...
Fios que ela roubou para tentar a morte trapacear.
Mas a rainha da tempestade sabe...
Não há como escapar.
Não há como ludibriar a morte,
Não adianta subornar o barqueiro...
Por isso em uma mão ela agarra os fios.
Tão firmemente que suas unhas arrancam sangue,
Das alvas palmas...
Os fios que ela segura são as almas
Daqueles que ama
Mas que as parcas iriam cortar...
Sempre lhe ensinaram que era errado
Os deuses do Olimpo desafiar
Mas ela se recusou...
E por isso, se amaldiçoou...
Apenas para morte enganar.
É por isso que agora ela está a gritar
Por isso o seu tormento...
É senhora da tempestade,
Grita num trovão,
Soluça no vento...
Mas sempre que olha para frente,
Vê a morte a lhe encarar.
Uma hora,
A tempestade irá findar...
E desprotegida, não lhe restará opção...
Entregar os fios roubados e encarar a maldição
De um tormento eterno,
No reino dos mortos, na escuridão...
Ela vendeu sua alma pelos fios...
E ninguém irá resgatá-la.
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Aos meus parceiros de RPG: qualquer semelhança com o samba do grego doido da última sessão de jogo, não é mera coincidência.